segunda-feira, 28 de abril de 2008

Escapada para Sintra

No final de semana do dia 29/03 escapamos de Lisboa para Sintra. Sintra é uma cidade linda, encantadora e para falar a verdade acho que até agora é a cidade mais bonita de Portugal, que merece de qualquer maneira ser cuidadosamente visitada. Foi declarada Patrimonio Mundial pela Unesco. Fica há uns 40 minutos de trem de Lisboa. Então, como o Jeroen ainda não tinha ido pra lá, decidimos passar o sábado em Sintra.
Estação do Rossio


Acordamos por volta das 10h em Algés, o tempo estava incrivelmente maravilhoso, sol e quente (nem sempre que está sol está quente). A temperatura devia estar beirando os 23ºC. Para que casaco com um tempo deste??? Sanduíches na mochila, pegamos o comboio pra Lisboa e de Lisboa, da estação do Rossio (um edifício em estilo neo-manuelino, construído em 1886/87 e recentemente reformado. Super bonito por dentro e por fora) pegamos o comboio pra Sintra.

Pálacio da Pena Sintra

Quando descemos na estação, para nossa surpresa o tempo estava nublado e frio. Mas como?, foram só 40 min de viagem, como o tempo pode mudar tanto? Pois, a serra de Sintra começa mesmo no centro da 'vila' e acaba no Oceano, no ponto mais ocidental da Europa continental - o Cabo da Roca. Então é como a Serra da Mantiqueira, entre a serra e o mar, ou seja toda humidade quando encontra com a barreira natural (a montanha) se transforma em nuvem e o tempo lá está quase sempre nublado. Ou seja, friozinho básico que me rendeu um belo resfriado durante a semana.
Palácio Nacional


O casaco fez falta, mas não morremos de frio por causa disso não, afinal de contas caminhar aquece o esqueleto. Como eu já tinho ido à Sintra antes, decidimos visitar lugares que eu ainda não conhecia. E também o tempo nem era tanto assim pra fazermos muitas coisas.
Decidimos ir até à Quinta e Palácio da Regaleira, uma construção do séc. XIX. É uma quinta que nasce do meio de uma floresta. Seu proprietário na época, junto com um arquiteto italiano, deu asas à imaginação. A Quinta da Regaleira é um somatório de diversos estilos artísticos, principalmente nota-se o gótico, o manuelino e o renascentista com grande influência mítica e esotérica. O jardim é cheio de passagens secretas, terraços, um grande lago e alusões ao céu e ao inferno.
Dentro do Palácio, passamos pouco tempo porque eu ainda queria visitar o Museu do brinquedo.
Jardim da Quinta da Regaleira Quinta da Regaleira

Palácio da Regaleira


O museu do Brinquedo abriga uma coleção de brinquedos que foram recolhidos em mais de 50 anos pelo colecionador Jão Arbués Moreira. Sua coleção começou quando ele tinha 14 anos de idade. Hoje são mais de 40.000 brinquedos diferentes que contam a História da HUmanidade. São 3 pisos de pura magia. Fiquei maravilhada com a coleção de Barbies. As bonecas são das mais váriadas épocas, assim como os soldados de chumbo, os carrinhos e trens. É uma infinidade de brinquedos que nos faz facilmente remeter à infância.



Terminamos este passeio saboreando a tradicional queijada Sintra (doce ancestral, que vem pelo menos da Idade Média). A pastelaria LOTADA, com distribuição de senha, sentamos no café e decidimos comer ali mesmo. Queijadas e travesseiros (outro doce típico de Sintra).
Na volta pra Lisboa, logo ali na Baixa, mais um lugar deslumbrante, a Casa do Alentejo, onde paramos pra beber apenas uma cerveja. Só quem já sabe o que tem ali dentro entra. Da rua o que se vê é apenas uma porta velha, mas por dentro é um antigo palacete com grande influência árabe na arquitetura, facilmente notável pelos mosaicos no chão. O restaurante também é muito bom, mas vou falar dele num outro post.

Até a próxima e aguardo seu comentário!

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Semana Santa na Espanha

A semana santa começou com o tradicional bacalhau para almoço na sexta feira santa (que pra mim foi um dia normal de trabalho).
A tradição do Norte é de que a cruz passa na casa dos fieis no domingo e como no domingo não dá tempo de passar em todas as casas, transferem o feriado de sexta para segunda feira. Ótimo, ? Só aqui no norte no restante do país o feriado é no dia certo, sexta feira.
Enfim... na sexta combinei de almoçar com 3 colegas do trabalho, a Elda, a Joana e o Rui numa tasca que tem ali perto da Delphi que serve, até agora, o melhor bacalhau que já comi aqui em Portugal. Acabei convidando também meus flatmates Amália e Mauro (Rato) e meu namorado Jeroen que veio cedo pra Braga para irmos pra Espanha no final do trabalho.
Foi um almoço muito gostoso. A tasca é pequena e digamos assim, bem residencial. Se você passar em frente não vai imaginar que naquela casa amarela servem o melhor bacalhau! Liguei antes para reservar, como éramos sete pessoas, pedi cinco porções de bacalhau, é muito bem servido e sempre sobra. Para minha surpresa, quando chegamos para almoçar, na hora marcada, o nosso bacalhau já estava prontinho a nossa espera. Mas a senhora, Dn. Conceição, veio a mesa dizer que fez apenas três porções, porque achou que cinco seria muito para sete pessoas. Dá pra acreditar nisso???
Ok, escolhemos o vinho e logo em seguida veio o bacalhau assado, numa travessa grande, rodeado por batatas, cebolas, ovos, azeitonas pretas e quase se afogando no azeite. Huuuummmm, estou com água na boca só de lembrar. Coloquei pimenta no fundo do prato, reguei com o azeite da travessa do bacalhau e me servi de uma boa porção daquele peixe delicioso, junto com seus acompanhamentos. Todos pararam de falar para saborear aquela dádiva.
Depois de nos fartarmos daquele maravilhoso banquete que nos custou menos de 10 euros (isso mesmo, o melhor bacalhau de Portugal com vinho por menos de 10 euros) segui para casa (pedi a tarde off para poder viajar mais cedo). Fiz a mala e pé na estrada rumo à Vigo, que é o principal porto pesqueiro da Europa e que fica na região da Galícia, pertinho aqui de Braga.
O tempo não estava lá muito bom, mas tudo bem, essa região é o penico da Europa. A chegada em Vigo foi super rápida e tranquila. O hotel era bem pertinho do mar, numa região onde estão praticamente todos os hotéis e bem perto dos bares e restaurantes.
Munidos de casaco, fomos dar uma volta na cidade, andar sem rumo pra ver o que aparece. Como ainda era a sexta de páscoa, pegamos um pedaço da última procissão. As procissões são bastante tradicionais aqui no norte de Portugal e na Espanha.
Na manhã seguinte visitamos um parque de onde se pode ver toda a cidade e o mar. Nesta hora parece que o tempo ajudou um pouco e pelo menos não choveu!
Seguimos para Santiago de Compostela (71 Km ao norte), capital da Galícia e cidade mundialmente conhecida pelos peregrinos que percorrem o Caminho de Santiago. Sant' Iago, um dos apóstolos de Cristo.
Santiago é uma cidade super pequena e bastante movimentada. Achei o clima do lugar encantador. Assim que chegamos fomos procurar um lugar para almoçar. Queria experimentar alguma coisa típica da região e pedi um caldo galego. Estava frio e chovendo, bem, um caldo com feijão branco, batatas e não me lembro o que mais, mas leve e bem saboroso.
Devidamente alimentados, fomos explorar a cidade que o tempo inteiro recebe peregrinos de todos os cantos do mundo. É impressionate a quantidade de pessoas que chega, é um movimento interminável. Vários artistas nas ruas, tocando algum instrumento musical, expondo seus desenhos ou serigrafias com cenas da cidade. A cidade é mesmo encantadora, tem uma magia inexplicável. Dá vontade de ficar mais tempo mesmo que você já tenha visto quase tudo por lá.
Pegamos logo que chegamos um mapa da cidade (gratuito) e andamos por todas as ruelas e parques. Passamos algum tempo dentro da catedral. Não sei, não me impressiono muito com igrejas. Me impressiona mais o mix de pessoas que passa por lá. Pessoas das mais diversas nacionalidades, escuta-se um idioma diferente em cada canto, peregrinos que vêm de todo o mundo munidos de mochilas enormes, com saco de dormir, cantil d'água e todos os apetrechos e que têm a Catedral de Santiago como o destino final de sua caminhada.
O tempo é algo bem particular, estava frio, na faixa dos 0ºC (zero grau, isso mesmo, rosca). Ok, um bom casaco, luvas e cachecol resolvem este "problema". Mas o curioso é que o céu está nublado, chove, venta (forte) o céu fica azul, sem nenhuma nuvem e o sol reina majestoso! Daí venta novamente e o céu fica novamente cinzento, chove mais um pouco, venta e o céu fica limpo e isso funciona como um ciclo do tempo, é assim o dia inteiro. Foi assim nos dois dias que estive em Santiago de Compostela.
Amei a cidade e sempre que for possível, voltarei a visitá-la.
No domingo de manhã, logo depois do pequeno-almoço (brasileiramente conhecido como café-da-manhã) pé na estrada de novo, agora com destino à Sanxenxo e Pontevedra. O primeiro, região de praia, ainda na Espanhã. Foi recomendada pelo Rui. O lugar me pareceu interessante, praia de águas calmas, uma pequena marina, mas novamente estava a chover (já disse que está região é o penico da Europa, certo?). Apenas demos uma caminhada, munidos de guarda-chuvas e seguimos para Pontevedras onde almoçamos, após uma caminhada pela cidade e voltamos pra Braga.
Páscoa na Espanhã, foi uma ótima experiência e tive uma excelente companhia de viagem. Apesar do tempo ruim e da ausencia do sol, a viagem foi muito boa.
É bastante forte na cultura brasileira (eu acho) o fato de não aproveitarmos tão bem os dias de chuva. Ou de só pensarmos em lugares fechados, como shopping centers por exemplo. Claro que a perspectiva muda, o céu é cinza mas vez ou outra nos presenteia com um lindo arco-íris, que se estivermos em lugares fechados, deixaremos de vê-lo. Também deixamos de sentir o cheiro da chuva, o cheiro da terra molhada. Enfim, perdemos uma experiência completa dos sentidos. Vamos sair à chuva, afinal não somos feitos de açúcar. Basta um bom par de botas para não molhar os pés e um guarda-chuva dos bons!


Vigo


Procissão de Páscoa em Vigo


Vitrine de restaurante (super comum na Espanha e em Portugal)


Dispensa apresentações



Altar-mór

Dentro da Catedral de Santiago de Compostela

A Catedral


Os fundos da Catedral


Reparem no céu! Azul!!!


E no arco-íris que apareceu logo após a chuva


Peregrinos a chegar em Santiagod e Compostela.


Sanxenxo